Cantando e dançando a vida como ela é...



Como um animal que sabe da floresta, fugindo às armadilhas da mata escura, decidi me encontrar longe do meu lugar pra retornar e enfrentar o dia a dia reaprendendo a sonhar - eu, caçador de mim. Precisava redescobrir o sal que está na própria pele, o doce no lamber das línguas, o gosto e o sabor da festa.Como se fora brincadeira de roda, parti como a criança que não teme o tempo.

      Até que, olhando na palma da minha mão, que tem os dedos, tem as linhas, percebi que não adiantaria correr para longe do meu lugar – eu, caçador de mim. Pois quem me chamou, por querer voltar pro ninho, foi meu alegre coração, frágil que nem brinquedo e forte como um leão. Tem algo que nunca muda, mas que também não envelhece nunca.
     Descobri que por tanto amor, por tanta emoção, a vida me fez assim...doce ou atroz, manso ou feroz, aprendi a começar de novo e contar comigo.
    Entregue a paixões que nunca tiveram fim, percebi que longe se vai sonhando  demais, e se a vida me fez assim, eu podia sonhar mais um sonho impossível, voar no limite improvável e tocar o inacessível chão.
    Porém era necessário aprender que não adianta fingir nem mentir pra si mesmo, pois se há tanta vida lá fora, hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe. Sei que vai valer a pena ter amanhecido, ter me revelado, ter sobrevivido, ter virado o barco, ter me socorrido.
   Pois se é preciso amor para poder pulsar, paz para poder sorrir e chuva para florir, o mundo vai ver uma flor brotar do impossível chão.
    Aprendi com meu alegre coração que é todo zelo, é todo amor, é desmantelo, é querubim, a ter calma quando este mesmo coração se inquietar. Ele me diz: vai, entre por aquela porta ali, não tem caminho fácil não, é só dar um tempo que o amor vem pra cada um.
      E assim ando devagar porque já tive pressa e levo este sorriso porque já chorei demais.
      Agora, é brincar de viver.  E voa o coração procurando alcançar a nau perdida, o trem que chega, a nova dança. A mata verde de esperança virou relva sob o céu azul, ali deito no feltro da manhã e ergo o rosto pra sentir o sol, brindando a brisa anfitriã.
    Sério, eu vejo tudo melhorar. Pois se a vida vem em ondas como mar num indo e vindo infinito, penso que cumprir a vida seja simplesmente compreender a marcha e ir tocando em frente. E eu desejo amar a todos que encontrar pelo meu caminho.
     Sei que nada do que foi, será do jeito que já foi um dia. Pois tudo principia na própria pessoa, cada um de nós compõe a sua história e cada ser carrega o dom de ser capaz, e ser feliz - a arte de sorrir, cada vez que o mundo diz não.
     E assim, sem garras antes tão seguras, nem fantasmas, nem molduras, eu, caçador de mim, deixei que meu alegre coração, frágil como um brinquedo e forte como um leão, me ensinasse que a emoção começa agora, é brincar de viver.
    E como sou feliz, eu quero ver feliz quem andar comigo. E hoje e sempre, renascer da própria força, a própria luz e fé.

§                 Compilação feita por Lídia Calmon, das seguintes canções:
“Redescobrir” – Gonzaguinha
“Caçador de mim” – Milton Nascimen
“Brincar de viver” – Guilherme Arantes
“Voa, coração” – Geraldo Azevedo
 “O amor vem para cada um
 “Começar de novo” – Ivan Lins
“Sonho Impossível” – Chico Buarque
“Como uma onda” – Lulu Santos/ Nelson Motta
“Tocando em frente” – Almir Satter
“Viva!” – Roberto Menescal
                     
                      Em 05/11/2011